quarta-feira, 23 de abril de 2014

O PAPEL DO SUPERVISOR PEDAGÓGICO COMO PROMOTOR DE DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL DO PROFESSOR


A escola constitui um espaço de aprendizagem completa, ou seja, um tipo de aprendizagem onde se estuda desde os conteúdos curriculares até a formação de cidadãos. Actualmente a escola deixa de ser um ambiente sombrio e opressivo como era no passado passando a ser um estabelecimento de diálogo e de liberdade com desenvolvimento harmónico, cultural, moral e ético.

Assim é preciso que o trabalho do educador, se constitua num compromisso político, pedagógico e colectivo para poder cumprir melhor a tarefa de formar cidadãos. Na qual entra o aluno, o professor, o supervisor, director e demais membros da escola. Sendo assim, será feita uma apresentação do processo de supervisão e tudo que a este está associado, nomeadamente o seu conceito, os intervenientes ,os seus papéis e, de que forma o papel de supervisor pedagógico poderá contribuir para um desenvolvimento do profissional do professor.
 
  Palavra-Chave: Supervisor Pedagógico, Desenvolvimento, Profissional, Professor
 

1. INTRODUÇÃO
O supervisor Pedagógico, objecto de pesquisa do presente ensaio, cuja função é orientar o grupo de professores, desafiar, instigar, questionar, motivar, despertando neles o espirito de trabalho colaborativo, o envolvimento com o trabalho e dividindo as alegrias dos resultados obtidos. A acção do supervisor escolar é atribuída a funções complexas, de apoio e parceria com o professor ,o tipo de relação que ele estabelece com o grupo de professores, ao qual lidera, passa a ser a essência do desenvolvimento de seu trabalho. O Supervisor Pedagógico, é o profissional organizador ou orientador do trabalho pedagógico desenvolvido pelos professores nas escolas no âmbito de processo de ensino e aprendizagem.
Este trabalho tem como tema a ser aprofundado  O Papel do supervisor pedagógico como Promotor de Desenvolvimento Profissional do professor” Com objectivo de perceber de que modo o supervisor pedagógico promove o desenvolvimento profissional do professor. É em torno desta incerteza, que separa as intenções discursivas das realidades práticas, no dia a dia do supervisor e do supervisionado o “professor”.
Para a realização deste trabalho recorremo-nos a literatura  de algumas obras de autores que se debruçam sobre o assunto e também em algumas experiencias vividas nas nossas escolas. Moçambicanas.

 
Ainda antes de desenvolver um pouco mais a questão do papel do supervisor pedagógico como promotor de desenvolvimento profissional do professor, parece-nos pertinente debruçar a nossa discussão sobre o conceito de supervisão.

Segundo Nivagara, 2004.(Pg70,71) Supervisão é no sentido lato entendida como função de guiar e coordenar actividade dos membros de uma organização para alcançar os objectivos definidos. O objectivo fundamental da supervisão é conseguir que os objectivos da educação sejam atingidos. Isto é o objectivo da supervisão é a prática pedagógica do professor e a memorização dessa prática. .

Mas para que isso acontece o autor assegura que o supervisor deve consciencializar os seus professores de modo a :
·         Seleccionar bem os meios necessários para o alcance e avaliação desses objectivos;
·         Estabelecerem objectivos específicos para a escola e classe onde trabalham;
·         Procederem à formulação, implementação e avaliação desses objectivos Preocupando se com o desenvolvimento contínuo das pessoas com quem trabalham ( alunos, professores  entre si, pessoal administrativo e a comunidade em que se encerem).

Apesar de existirem inúmeras definições de supervisão, numa perspectiva mais generalizada, Alarcão e Tavares (2003), estes autores definem supervisão como “o processo em que um professor, em princípio mais experiente e informado, orienta um outro professor no seu desenvolvimento humano e profissional” (p.16).

Tendo como principal objectivo o desenvolvimento profissional do professor, estes autores referem ainda que, a partir do momento em que a supervisão é identificada como um processo, depreende-se que tem lugar num tempo continuado (Alarcão & Tavares), num contexto educativo, situando-se no âmbito da orientação de uma acção profissional que poderá ser denominada como orientação da prática pedagógica. Ainda assim, Oliveira-Formosinho (2002),

Salienta a importância da constante actualização do conceito e funcionalidade da supervisão, na medida em que esta desenvolve-se e reconstrói-se, coloca-se num papel de apoio e não o de inspecção, de escuta e não de definição prévia, de colaboração activa em metas acordadas através de contratualização, de envolvimento na acção educativa quotidiana (...), de experimentação reflectida através da acção que procura responder ao problema identificado (p.12).
 
A partir destas duas definições, conseguimos perceber a importância deste processo nomeadamente no que Alarcão e Tavares (2003) entendem por Supervisão Pedagógica.

Segundo os dois autores, esta prática pedagógica vai influenciar o processo de ensino/aprendizagem não só na perspectiva do aluno, mas também no desempenho do professor e do próprio supervisor. A interacção entre estes três intervenientes vai ser determinada por uma dinâmica recíproca, assimétrica (p.45), tendo em vista a relação entre Supervisão, Desenvolvimento profissional e Aprendizagem.

 Assim, a supervisão adquire um papel transversal relativamente ao processo de ensino/aprendizagem, sendo considerada uma visão de qualidade, inteligente, responsável, livre, experiente, acolhedora, empática, serena e envolvente do que acontece antes, durante e após esse mesmo processo, ou seja, uma visão de quem tenta compreender o processo de ensino/aprendizagem como um todo. Para Alarcão e Tavares, será apenas desta forma que o supervisor terá reunidas condições para “orientar o processo de ensino/aprendizagem e o próprio desenvolvimento do professor para que este se desenvolva nas melhores condições e a sua intervenção se verifique de um modo adequado e eficaz na aprendizagem e no desenvolvimento dos alunos.

 
3. O PAPEL DO SUPERVISOR
 No âmbito da supervisão, o Supervisor deve ser alguém que domine não apenas os conteúdos programáticos das respectivas disciplinas, mas também que possua uma boa cultura geral e uma formação efectiva nos domínios das ciências da educação, didáctico, com uma formação psicopedagógica ou em metodologias de ensino e das respectivas tecnologias e que tenha desenvolvido uma certa bagagem técnica e competência profissional, com uma atitude permanente de bom senso para ensinar o outro.

Segundo Alarcão e Tavares (2003),o papel do supervisor consiste em ajudar o professor a tornar-se um bom profissional, com uma capacidade transformada em habilidade, em destreza, para que os seus alunos aprendam melhor e se desenvolvam mais.

Se por um lado a acção do Supervisor deve andar em torno do conceito de ajuda, a do professor deverá incidir na própria execução. Sendo assim, e ainda que possam estar inerentes as tarefas que contribuam para o auxílio na aprendizagem dos alunos, a principal função do professor passa obrigatoriamente por colaborar com o supervisor para que este processo se desenrole nas melhores condições e os objectivos definidos sejam atingidos” (Alarcão & Tavares).

Segundo os autores, o processo de Supervisão deverá resultar a grande tarefa, tanto Supervisor como Professor, aprender ensinar e desenvolver-se no sentido de optimizarem as suas práticas sempre em benefício dos alunos garantindo deste modo a melhoria da qualidade de ensino.

Esta tarefa implicará uma reflexão mútua e um trabalho persistente que permita ao professor desenvolver todo um conjunto de conhecimentos que o levem do saber ao saber-fazer para vir a ser um bom professor, um bom profissional.
  • O desempenho  efectivo das funções  do supervisor implica que este reúna algumas características ,das quais  Golias (2000) destaca: 
  •  Equilíbrio emocional
  • Compreensão e respeito pelas diferenças individuais;
  • Uso de diferentes métodos e recursos didácticos adequados a cada indivíduos e a cada situação;
  • Conhecimento e exercício constante das funções de liderança democrática;
  • Valorização dos aspectos positivos que podem ser encontrados em cada ser humano, para que através  deles  sejam estimuladas  capacidades em potencial;
  • Direcção construtiva baseada na justiça na firmeza na paciência ,no bom senso, sem as quais a supervisão pedagógica não poderá produzir  os efeitos desejados .
Segundo  a Justaman e outros citados por Nivagara ( 2004) sugerem que as funções do supervisor  pedagógico sejam as seguintes :
a)      Ajudar o professor a melhor compreenderem os objectivos reais da educação e o papel real da escola na consecução dos mesmos ;
b)      Auxiliar os professores a melhor compreenderem os problemas e necessidades dos educandos  e atende-los na medida do possível;
c)      Exercer liderança democrática sob as seguintes formas :
·         Promoção do aperfeiçoamento profissional da escola e das suas actividades;
·         Estabelecimento de boas relações com o seu pessoal;
·         Estimulação do desenvolvimento dos professores em exercício;
·         Aproximação estreita da escola com a comunidade.
Segundo o autor acima citado são ainda funções do supervisor Pedagógico:
§  Proteger os professores das exigências descabidas da parte do público, quanto ao emprego;
§  Estabelecer fortes laços morais entre os professores no trabalho de tal forma que actuem em estreita cooperação para que os fins sejam atingidos;
§  Identificar o tipo de trabalho mais adequado para cada professor, de forma a desenvolver as suas capacidades noutras direcções promissoras;
§  Ajudar os professores a adquirir maior competência didáctica e orientar os principiantes no sentido de se adaptarem á sua profissão.
Ajudar os professores a diagnosticar as dificuldades dos alunos na aprendizagem e elaborar planos para a sua superação.  
Perante este cenário o conceito da Supervisão Pedagógica para algumas escolas Moçambicanas, segundo os relatos colhidos através da entrevista há alguns professores , no âmbito de trabalho de campo da Universidade Pedagógica em Maputo, afirmam que nunca tiveram a sorte de receber um supervisor de SDEJT que tenha entrado na sala de aulas e trabalhar directamente com os professores, quando muito estas brigadas ao chegarem na escola são apresentadas aos professores como forma de tomarem conhecimento de sua presença naquelas instituições de ensino, e estes limitam-se em trabalhar apenas com a direcção pedagógica da escola em nenhum momento direccionaram as suas actividades para a área das práticas pedagógicas, por isso que não sabem qual é o papel do supervisor pedagógico e em que ele pode contribuir em termos de experiencias como profissional da educação para melhoramento do desempenho do professor na sala de aulas no âmbito de exercício das suas funções. Estes afirmam ainda gostaria imenso de trabalhar ao lado dum supervisor pedagógico para se tornarem bons profissionais na área de docência. Onde cada um teria um aprendizado diferente e obter a imagem real de sua missão e do seu desempenho. Em outras escolas visitadas os professores desta instituição de ensino afirmam que sempre que recebem uma equipa de Supervisão nas suas salas de aulas, sente-se ameaçados porque a maioria dos supervisores tomam posturas de polícia e ou observadores para prejudicar o professor e no final do trabalho raramente sentam-se com o professor para análise das suas aulas e conhecer a sua aplicabilidade na sala de aula de modo a orienta-lo melhor, ajuda-lo no que for necessário e torna-lo num bom profissional em prol de melhoria de qualidade do processo de ensino/aprendizagem. O relatório de aula assistida dificilmente tem tido acesso mas, é entregue ao director de escola ou ao director pedagógico para estes tomarem medidas correctivas, humilhando deste modo o professor. A única supervisão que tem vingado periodicamente é assistência mútua das aulas entre professores e da direcção pedagógica da escola porque estas actividades estão previstas no próprio Regulamento Geral do Ensino Básico no Artg. 15, nas alinhas ( I e J ) nas competências do Director da Escola.

Arnia Mazive