A escola constitui um
espaço de aprendizagem completa, ou seja, um tipo de aprendizagem onde se
estuda desde os conteúdos curriculares até a formação de cidadãos. Actualmente
a escola deixa de ser um ambiente sombrio e opressivo como era no passado
passando a ser um estabelecimento de diálogo e de liberdade com desenvolvimento
harmónico, cultural, moral e ético.
Assim é preciso que o
trabalho do educador, se constitua num compromisso político, pedagógico e colectivo
para poder cumprir melhor a tarefa de formar cidadãos. Na qual entra o aluno, o
professor, o supervisor, director e demais membros da escola. Sendo assim, será feita uma apresentação do
processo de supervisão e tudo que a este está associado, nomeadamente o seu
conceito, os intervenientes ,os seus papéis e, de que forma o papel de
supervisor pedagógico poderá contribuir para um desenvolvimento do profissional
do professor.
1. INTRODUÇÃO
O supervisor Pedagógico,
objecto de pesquisa do presente ensaio, cuja função é orientar o grupo de
professores, desafiar, instigar, questionar, motivar, despertando neles o espirito
de trabalho colaborativo, o envolvimento com o trabalho e dividindo as alegrias
dos resultados obtidos. A acção do supervisor escolar é atribuída a funções
complexas, de apoio e parceria com o professor ,o tipo de relação que ele
estabelece com o grupo de professores, ao qual lidera, passa a ser a essência
do desenvolvimento de seu trabalho. O Supervisor Pedagógico, é o profissional
organizador ou orientador do trabalho pedagógico desenvolvido pelos professores
nas escolas no âmbito de processo de ensino e aprendizagem.
Este trabalho tem como tema a ser aprofundado “O Papel do supervisor pedagógico como Promotor de Desenvolvimento Profissional
do professor” Com
objectivo de perceber de que modo o supervisor pedagógico promove o
desenvolvimento profissional do professor. É em torno desta incerteza, que separa as intenções discursivas das
realidades práticas, no dia a dia do supervisor e do supervisionado o
“professor”.
Para a realização deste
trabalho recorremo-nos a literatura de
algumas obras de autores que se debruçam sobre o assunto e também em algumas
experiencias vividas nas nossas escolas. Moçambicanas.
Ainda antes de desenvolver um pouco mais a
questão do papel do supervisor pedagógico como promotor de desenvolvimento
profissional do professor, parece-nos pertinente debruçar a nossa discussão
sobre o conceito de supervisão.
Segundo
Nivagara, 2004.(Pg70,71) Supervisão é no sentido lato entendida como função de
guiar e coordenar actividade dos membros de uma organização para alcançar os
objectivos definidos. O objectivo fundamental da supervisão é conseguir que os
objectivos da educação sejam atingidos. Isto é o objectivo da supervisão é a
prática pedagógica do professor e a memorização dessa prática. .
Mas para
que isso acontece o autor assegura que o supervisor deve consciencializar os
seus professores de modo a :
·
Seleccionar bem os meios necessários para o
alcance e avaliação desses objectivos;
·
Estabelecerem objectivos específicos para a
escola e classe onde trabalham;
·
Procederem à formulação, implementação e
avaliação desses objectivos Preocupando se com o desenvolvimento contínuo das
pessoas com quem trabalham ( alunos, professores entre si, pessoal administrativo e a
comunidade em que se encerem).
Apesar de existirem inúmeras definições de
supervisão, numa perspectiva mais
generalizada, Alarcão e Tavares (2003), estes autores definem supervisão como
“o processo em que um professor, em princípio mais experiente e informado,
orienta um outro professor no seu desenvolvimento humano e profissional” (p.16).
Tendo como principal objectivo o desenvolvimento
profissional do professor, estes autores referem ainda que, a partir do momento
em que a supervisão é identificada como um processo, depreende-se que tem lugar
num tempo continuado (Alarcão & Tavares), num contexto educativo,
situando-se no âmbito da orientação de uma acção profissional que poderá ser
denominada como orientação da prática pedagógica. Ainda assim, Oliveira-Formosinho (2002),
Salienta a importância da constante actualização do
conceito e funcionalidade da supervisão, na medida em que esta desenvolve-se e
reconstrói-se, coloca-se num papel de apoio e não o de inspecção, de escuta e
não de definição prévia, de colaboração activa em metas acordadas através de
contratualização, de envolvimento na acção educativa quotidiana (...), de
experimentação reflectida através da acção que procura responder ao problema
identificado (p.12).
Segundo os dois autores, esta prática
pedagógica vai influenciar o processo de ensino/aprendizagem não só na
perspectiva do aluno, mas também no desempenho do professor e do próprio
supervisor. A interacção entre estes três intervenientes vai ser determinada
por uma dinâmica recíproca, assimétrica (p.45), tendo em vista a relação entre
Supervisão, Desenvolvimento profissional e Aprendizagem.
Assim, a supervisão adquire um papel
transversal relativamente ao processo de ensino/aprendizagem, sendo considerada
uma visão de qualidade, inteligente, responsável, livre, experiente,
acolhedora, empática, serena e envolvente do que acontece antes, durante e após
esse mesmo processo, ou seja, uma visão de quem tenta compreender o processo de
ensino/aprendizagem como um todo. Para Alarcão e Tavares, será apenas desta
forma que o supervisor terá reunidas condições para “orientar o processo de
ensino/aprendizagem e o próprio desenvolvimento do professor para que este se
desenvolva nas melhores condições e a sua intervenção se verifique de um modo
adequado e eficaz na aprendizagem e no desenvolvimento dos alunos.
Segundo Alarcão e Tavares (2003),o papel do
supervisor consiste em ajudar o professor a tornar-se um bom profissional, com
uma capacidade transformada em habilidade, em destreza, para que os seus alunos
aprendam melhor e se desenvolvam mais.
Se por um lado a acção do Supervisor deve
andar em torno do conceito de ajuda, a do professor deverá incidir na própria
execução. Sendo assim, e ainda que possam estar inerentes as tarefas que
contribuam para o auxílio na aprendizagem dos alunos, a principal função do
professor passa obrigatoriamente por colaborar com o supervisor para que este
processo se desenrole nas melhores condições e os objectivos definidos sejam
atingidos” (Alarcão & Tavares).
Segundo os autores, o processo de
Supervisão deverá resultar a grande tarefa, tanto Supervisor como Professor,
aprender ensinar e desenvolver-se no sentido de optimizarem as suas práticas
sempre em benefício dos alunos garantindo deste modo a melhoria da qualidade de
ensino.
Esta tarefa implicará uma reflexão mútua e
um trabalho persistente que permita ao professor desenvolver todo um conjunto
de conhecimentos que o levem do
saber ao saber-fazer para vir a ser um bom professor, um bom profissional.
S egundo a Justaman e outros citados por Nivagara ( 2004) sugerem que as funções do supervisor pedagógico sejam as seguintes :
- O desempenho efectivo das funções do supervisor implica que este reúna algumas características ,das quais Golias (2000) destaca:
- Equilíbrio emocional
- Compreensão e respeito pelas diferenças individuais;
- Uso de diferentes métodos e recursos didácticos adequados a cada indivíduos e a cada situação;
- Conhecimento e exercício constante das funções de liderança democrática;
- Valorização dos aspectos positivos que podem ser encontrados em cada ser humano, para que através deles sejam estimuladas capacidades em potencial;
- Direcção construtiva baseada na justiça na firmeza na paciência ,no bom senso, sem as quais a supervisão pedagógica não poderá produzir os efeitos desejados .
a) Ajudar o professor a melhor compreenderem os objectivos reais da educação e o papel real da escola na consecução dos mesmos ;
b) Auxiliar os professores a melhor compreenderem os problemas e necessidades dos educandos e atende-los na medida do possível;
c) Exercer liderança democrática sob as seguintes formas :
b) Auxiliar os professores a melhor compreenderem os problemas e necessidades dos educandos e atende-los na medida do possível;
c) Exercer liderança democrática sob as seguintes formas :
· Promoção do aperfeiçoamento profissional da escola e das suas actividades;
· Estabelecimento de boas relações com o seu pessoal;
· Estimulação do desenvolvimento dos professores em exercício;
· Aproximação estreita da escola com a comunidade.
Segundo o autor acima citado são ainda funções do supervisor Pedagógico:
§ Proteger os professores das exigências descabidas da parte do público, quanto ao emprego;
§ Estabelecer fortes laços morais entre os professores no trabalho de tal forma que actuem em estreita cooperação para que os fins sejam atingidos;
§ Identificar o tipo de trabalho mais adequado para cada professor, de forma a desenvolver as suas capacidades noutras direcções promissoras;
§ Ajudar os professores a adquirir maior competência didáctica e orientar os principiantes no sentido de se adaptarem á sua profissão.
Ajudar os professores a diagnosticar as dificuldades dos alunos na aprendizagem e elaborar planos para a sua superação. Perante este cenário o conceito da
Supervisão Pedagógica para algumas escolas Moçambicanas, segundo os relatos
colhidos através da entrevista há alguns professores , no âmbito de trabalho de campo da Universidade Pedagógica em Maputo, afirmam que nunca
tiveram a sorte de receber um supervisor de SDEJT que tenha
entrado na sala de aulas e trabalhar directamente com os professores, quando muito estas
brigadas ao chegarem na escola são apresentadas aos professores como forma de
tomarem conhecimento de sua presença naquelas instituições de ensino, e estes limitam-se
em trabalhar apenas com a direcção pedagógica da escola em nenhum momento
direccionaram as suas actividades para a área das práticas pedagógicas, por
isso que não sabem qual é o papel do supervisor pedagógico e em que ele pode
contribuir em termos de experiencias como profissional da educação para
melhoramento do desempenho do professor na sala de aulas no âmbito de exercício
das suas funções. Estes afirmam ainda gostaria imenso de trabalhar ao lado dum
supervisor pedagógico para se tornarem bons profissionais na área de docência.
Onde cada um teria um aprendizado diferente e obter a imagem real de sua missão
e do seu desempenho. Em outras escolas visitadas os professores desta instituição de ensino afirmam que sempre que
recebem uma equipa de Supervisão nas suas salas de aulas, sente-se ameaçados
porque a maioria dos supervisores tomam posturas de polícia e ou observadores
para prejudicar o professor e no final do trabalho raramente sentam-se com o
professor para análise das suas aulas e conhecer a sua aplicabilidade na sala
de aula de modo a orienta-lo melhor, ajuda-lo no que for necessário e torna-lo
num bom profissional em prol de melhoria de qualidade do processo de
ensino/aprendizagem. O relatório de aula assistida dificilmente tem tido acesso
mas, é entregue ao director de escola ou ao director pedagógico para estes
tomarem medidas correctivas, humilhando deste modo o professor. A única
supervisão que tem vingado periodicamente é assistência mútua das aulas entre
professores e da direcção pedagógica da escola porque estas actividades estão
previstas no próprio Regulamento Geral do Ensino Básico no Artg. 15, nas
alinhas ( I e J ) nas competências do Director da Escola.
Arnia Mazive